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O que você faz ou come hoje dirá se terá rugas e marcas de expressão em 10 anos

Publicado 20 Jan 2017 – 03:30 PM EST | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Não há como prever como será a pele de uma pessoa quando ela estiver mais velha. Isto porque o envelhecimento, além de ser marcado pela genética, também sofre influência dos hábitos adotados durante toda a vida. Ao menos é o que mostrou a maior pesquisa sobre pele já realizada no Brasil.

Feita pela Natura em parceria com o Incor (Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), a pesquisa mostrou que ter uma pele saudável depende muito mais dos hábitos do que imaginamos.

Por que a pele envelhece?

À medida em que o ser humano envelhece, é natural que aconteçam mudanças físicas com seu corpo. E com a pele não é diferente.

De acordo com a médica dermatologista Dra. Thais Sakuma, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, o envelhecimento da pele se dá pela diminuição da produção e degradação do colágeno e da elastina, duas proteínas responsáveis por sua firmeza e elasticidade.

Os responsáveis por essa degradação, como explica a profissional, são os radicais livres, substâncias tóxicas que atacam a região. Elas, além de serem produzidas naturalmente pelo nosso organismo, durante o funcionamento celular, por exemplo, são também fruto da exposição à radiação e à poluição, do tabagismo e da ingestão de alguns alimentos.

“Não dá para apontar apenas uma causa para o envelhecimento da pele. Existe sempre o fator genético, mas os fatores externos também influenciam. É o resultado de uma combinação dos dois”, explica a especialista.

Pele do brasileiro

É é exatamente isso o que mostra a pesquisa da Natura. Feita em duas fases com mais de 2.500 voluntários, ela mostrou que as características que levam uma pessoa a aparentar ter uma pele mais velha é o grau de hidratação e de elasticidade e a quantidade de rugas ao redor dos olhos.

De acordo com o estudo, a hidratação da pele de uma pessoa é 60% determinada pela genética e os outros 40% pelo ambiente em que ela está inserida. Já no quesito elasticidade os números invertem: 60% é determinado pelos fatores comportamentais e ambientais e 40% pelos genes.

Para chegar a esse resultado, entre outras fases, foi realizado um teste às cegas. Dermatologistas foram convidados a analisar os rostos de um grupo de pessoas e, a partir das características da pele - coloração, sinais e manchas - indicar quantos anos cada pessoa aparentava ter. A partir dos resultados, os pesquisadores traçaram os hábitos de vida de cada um dos participantes.

Além do fator genético, como maiores influenciadores da degradação da pele facial os pesquisadores listaram o sobrepeso, a exposição solar e o fumo.

Com isso, chegou-se à conclusão de que os hábitos e ambientes em que uma pessoa vive afetam muito a saúde da sua pele, tanto ou até mais do que a genética, em alguns casos.

E, para aqueles que se importam e querem evitar o envelhecimento precoce, quanto antes mudarem os hábitos, melhor. Embora essa preocupação aumente depois dos 40 anos, o ideal é que os cuidados comecem logo no início da vida adulta.

Isto porque, como explica a dermatologista, enquanto o envelhecimento da pele masculina é tardio e abrupto, o da mulher acontece gradativamente dos 20 aos 80 anos e, em um período de 10 anos, já é possível notar as consequências dos cuidados ou da falta deles. “Ano a ano essas substâncias [os radicais livres] que afetam a pele vão sendo depositadas. Por isso, em 10 anos já é possível notar o impacto”, alerta.

Causas do envelhecimento precoce: fatores externos

Entre os fatores externos, aqueles que mais se destacam são a alimentação e os comportamentos diários.

Alimentação

A alimentação pode afetar a saúde da pele exatamente porque alguns alimentos contribuem para a destruição das proteínas de sustentação. “Quando um carboidrato se a une a uma proteína, eles formam um complexo que se deposita na pele e ataca a elastina e o colágeno”, resume a médica.

Naturalmente, o nosso organismo já produz esses complexos. Alguns alimentos, no entanto, contribuem para o aumento dessa produção. Entre eles, Dra. Thais lista:

  • Refrigerantes
  • Doces rico em açúcar refinado
  • Fritura
  • Embutidos
  • Carboidratos simples (arroz branco, macarrão)
  • Alimentos refinados (pão branco, bolos, biscoitos)
  • Alimentos ricos em gordura saturada (banha de porco, bacon, carne com muita gordura)

Além dos ingredientes, o modo de preparo dos alimentos também pode contribuir para o envelhecimento precoce. “Quando a carne passa do ponto, aquela crosta queimadinha que forma tem esses complexos. Quando uma pessoa consome essa parte, de 10% a 30% dos radicais livres são absorvidos e eles começam a se acumular afetando o colágeno e a elastina”, explica a profissional.

Dra. Thais ainda comenta que embora não sejam conclusivos, alguns estudos mostram que alimentos com carboidratos refinados e derivados do leite podem aumentar a oleosidade da pele. “Algumas pesquisas indicam que pode haver um aumento da secreção sebácea após a ingestão desse tipo de comida. Então, quando a gente fala que o chocolate da espinha, não é o chocolate em si, mas são seus ingredientes, como o leite e o açúcar”, exemplifica.

De acordo com a pesquisa da Natura, até 80% do nível de oleosidade da pele pode ser consequência da rotina alimentar do indivíduo.

Hábitos e comportamentos

Além da alimentação, a dermatologista comenta que muitas práticas também interferem na pele, destruindo o colágeno e a elastina, alterando a concentração de água e, consequentemente, a hidratação e causando manchas. Entre elas estão:

  • Exposição à radiação ultravioleta
  • Cigarro
  • Presença em ambientes com ar-condicionado
  • Exposição em ambientes poluídos
  • Ausência de cuidados básicos, como hidratação e proteção solar

Rugas x pé de galinha

Embora o aparecimento das rugas e dos famigerados “pés de galinha” possam ser intensificados pelos hábitos alimentares e comportamentais, os sinais têm causas diferentes.

“Os pés de galinha são linhas de expressão geradas pela contração dos músculos. Com o tempo, essas linhas que são vistas apenas no momento em que os movimentos são feitos, começam a ficar marcadas mesmo com o rosto em repouso”, explica a médica. Pessoas que têm menor quantidade de colágeno, elastina e água, por exemplo, têm a pele mais dura e menos resistente a movimentação muscular.

Já “rugas” é um termo genérico. “Ela pode ser a marca de expressão ou pode ser causada pela falta de volume, seja de gordura, no remodelamento ósseo comum durante o envelhecimento, como de colágeno”, comenta a dermatologista.

Tanto um quanto o outro aparecem primeiro na área dos olhos. “É a região que mais envelhece do rosto, os primeiros sinais de envelhecimento são notados ao redor dos olhos. A pele é fina, naturalmente tem menos colágeno e as pessoas geralmente aplicam pouco filtro solar”, explica Dra. Thais.

Quando e quanto é normal envelhecer? 

Não há como medir o que é um envelhecimento “normal” ou “esperado” para cada pessoa. Isto porque, como explica a dermatologista, tudo é muito variável porque depende, além dos fatores genéticos, como a cor da pele, dos hábitos. “Pessoas que tomaram muito sol longo da vida envelhecem mais cedo. Pessoas de pele negra ou asiática já apresentam rugas mais tardiamente. Não tem como quantificar isso”, exemplifica.

Cuidados com a pele

O que pode ser feito para evitar o envelhecimento precoce, portanto, é atentar-se aos cuidados diários. No estudo, pessoas que usavam protetor solar e hidratantes tinham mais elasticidade e as rugas eram menos aparentes, dando impressão de uma pele mais jovem.

Para a profissional, a aplicação correta do filtro solar por, pelo menos, duas vezes ao dia, o uso de vitamina C, que é antioxidante e neutraliza os radicais livres, e a aplicação de um ácido, que estimula a renovação celular todas as noites é um bom ritual para ter uma pele saudável. “E não tem segredo. Qualquer pessoa pode começar a partir dos 20 anos”, finaliza.

Envelhecimento precoce

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