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Texto incrível de Jennifer Aniston sobre cobrança para ser mãe e corpo perfeito viraliza

Publicado 13 Jul 2016 – 04:29 PM EDT | Atualizado 14 Mar 2018 – 09:30 AM EDT
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Jennifer Aniston cansou da forma como a mídia internacional vem tratando a sua vida pessoal e, por isso, decidiu fazer um longo desabafo. O texto publicado no site do jornal Huffington Post foi escrito pela atriz em resposta aos frequentes boatos sobre supostas gestações e para criticar a forma como a mídia sensacionalista e a sociedade tratam as mulheres.  

Boatos sobre gravidez

Em junho deste ano, a revista de celebridades americana In Touch afirmou que a atriz Jennifer Aniston estava grávida de seu primeiro filho com Justin Theroux. A capa da publicação era repleta de chamadas tendenciosas como: “Bebê milagroso aos 47” e “Jen está finalmente grávida”. Mesmo sem a atriz confirmar a informação, a notícia teve repercussão mundial.

No artigo, a atriz defende que não é preciso ser casada ou ter filhos para ser uma mulher completa, diz como se sente triste com a forma com que seu corpo é tratado pela imprensa e desabafa: “Eu não estou grávida. O que estou é farta".

Confira o desabafo completo de Jennifer Aniston:

“Me deixem começar dizendo que comentar fofoca é uma coisa que eu nunca fiz. Eu não gosto de desperdiçar energia com mentiras, mas eu queria participar de uma conversa maior que já começou e precisa continuar. Como eu não estou nas redes sociais, eu decidi compartilhar os pensamentos aqui e, por isso, estou escrevendo.

Para registrar, eu não estou grávida. O que eu estou é farta. Eu estou farta do escrutínio feito quase por esporte e dessa exigência com o corpo dos outros feita com a desculpa do 'jornalismo', da 'Primeira Emenda' e 'das notícias de celebridade'.

Todos os dias, meu marido e eu somos perseguidos por dezenas de fotógrafos agressivos que fazem qualquer coisa para conseguir qualquer tipo de foto, mesmo que isso signifique colocar em perigo nós ou os desafortunados pedestres que possam estar próximos.  

Mas deixando de lado o aspecto da segurança pública, quero me concentrar no que este ritual de uma tabloide insano representa para nós.

Se eu sou algum tipo de símbolo para algumas pessoas, então, eu claramente sou a representação de como cada um de nós, como sociedade, veem suas mães, filhas, irmãs, mulheres, amigas e colegas.

A objetificação e escrutínio que submetemos as mulheres é absurdo e perturbador. A maneira com que eu sou retratada pela mídia é simplesmente um reflexo de como nós vemos e retratamos as mulheres em geral, todas medidas por um padrão distorcido de beleza.

Às vezes, padrões culturais apenas precisam de uma perspectiva diferente para que nós consigamos vê-los como eles realmente são – uma aceitação coletiva... um acordo subconsciente. Nós estamos no comando do nosso acordo. As meninas de todos os lugares estão aderindo ao nosso acordo, passivamente ou de outro jeito. E isso começou cedo.

A mensagem que meninas não são bonitas a não ser que elas sejam incrivelmente magras, que elas não são dignas de nossa atenção a não ser elas pareçam supermodelos ou uma atriz na capa de uma revista é algo que estamos todos aceitando de bom grado. Este condicionamento é algo que as meninas levam para a sua feminilidade.

Nós usamos 'notícias' de celebridades para perpetuar a forma desumana que as mulheres são vistas, com foco exclusivo na aparência física, que se transformou em um evento esportivo de especulação. Ela está grávida? Ela está comendo muito? Ela se deixou levar? O casamento dela está em crise porque a câmera detectou algumas 'imperfeições' físicas?

Eu costumava dizer para mim mesma que tabloides eram como livros de piadas, não eram para ser levados a sério, apenas uma novela para pessoas acompanharem quando precisam de uma distração. Mas eu realmente não posso mais dizer isso para mim mesma porque a realidade é a perseguição e objetificação que eu senti em primeira mão. Com o passar das décadas, reflete a maneira distorcida com que calculamos o valor de uma mulher.

O mês passado em particular me trouxe luz sobre o quanto a gente define uma mulher com base em seu status matrimonial ou maternal. A enorme quantidade de recursos sendo gastos agora pela imprensa para simplesmente descobrir se eu estou ou não grávida (pela bilionésima vez... mas que está contando) aponta para a perpetuação desta noção que mulheres são de alguma forma incompletas, malsucedidas ou infelizes se elas não são casadas e com filhos.

Neste último ciclo de notícias chatas sobre a minha vida, estavam acontecendo tiroteios, incêndios florestais, a Suprema Corte tomava decisões importantes, eleições se aproximavam, entre muitas outras notícias importantes para que 'jornalistas' dedicassem seu tempo.

Aqui é onde eu queria chegar neste assunto: nós somos completas com ou sem um companheiro, com ou sem um filho. Somos nós quem temos que decidir, por nós mesmas, o que é bonito quando o assunto é nosso corpo. A decisão é nossa, e só nossa.

Vamos tomar essa decisão por nós mesmas e pelas jovens mulheres neste mundo que nos veem como exemplos. Vamos tomar esta decisão conscientemente, sem o envolvimento do que os tabloides dizem. Nós não precisamos ser casadas ou mães para sermos completas. Nós que determinamos sozinhas o nosso 'felizes para sempre'.

Eu cresci cansada de ser parte desta narrativa. Sim, eu devo me tornar mãe algum dia, e como eu estou sendo muito franca, se eu engravidar, eu serei a primeira a contar para vocês. Mas eu não vou engravidar porque eu me sinto de alguma forma incompleta, como a nossa cultura de notícias de celebridades nos leva a acreditar.

Fico chateada por quererem fazer eu me sentir 'menor' porque meu corpo está mudando e/ou porque comi um hambúrguer no almoço e fui fotografada por um ângulo estranho e, por isso, ser considerada ou grávida ou gorda. Isso para não mencionar a dolorosa sensação de ser felicitada por amigos, colegas de trabalho e estranhos por causa de uma gravidez fictícia (às vezes uma dúzia de vezes em um mesmo dia).

Com os anos de experiência, eu aprendi as práticas dos tabloides. Embora perigosas, não vão mudar, pelo menos não logo. O que podemos mudar é nossa consciência e reação às mensagens tóxicas contidas nessas histórias aparentemente inofensivas que são publicadas como verdade e moldam nossas ideias sobre quem nós somos.

Nós temos que decidir o que compramos e talvez algum dia os tabloides serão forçados a ver o mundo através de uma lente diferente, de uma forma mais humanizada, porque os consumidores simplesmente pararam de comprar as bobagens.

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