Toxoplasmose na gravidez

A toxoplasmose é uma doença infecciosa de distribuição mundial. Estudos apontam que mais da metade da população mundial já teve contato com o parasita. Ela é mais frequentemente encontrada nos países tropicais como o Brasil.

O agente etiológico desta doença é um protozoário (microorganismo do reino Protista), que infecta o interior das células do hospedeiro (pessoa infectada), chamado de Toxoplasma gondii. Este microorganismo tem como hospedeiro definitivo os felinos (mais comumente os gatos), no qual se reproduzem no interior do intestino destes animais e são liberados pelas suas fezes numa fase pela qual são denominados de oocistos.

A principal forma de contaminação do ser humano (hospedeiro intermediário) é pela via oral, com a ingestão de alimentos e/ou água contaminados pelas fezes de felinos portadores destes microorganismos. Há, também, a possibilidade de contaminação através de ingestão da carne (principalmente cruas ou mal passadas) de animais contaminados (que também ingeriram anteriormente este agente liberado nas fezes dos felinos), tais como as carnes de porco e carneiro.

A importância desta doença em relação à gestante, é que ela pode ser transmitida congenitamente, ou seja, da mãe para o feto, através da placenta. Um estudo mostrou que a taxa de transmissão desse parasita nas gestantes pode alcançar 8 infecções para cada 1000 gestantes suscetíveis.

Em gestantes com imunidade prévia a gravidez, ou seja, que tiveram contato com o Toxoplasma gondii antes de ficarem grávidas e já possuem o anticorpo contra este microorganismo, a chance de algum tipo de transmissão para o feto é quase zero. Portanto, quando a paciente apresenta-se infectada primariamente durante a gravidez, as chances de transmissão através da placenta desta doença aumentam consideravelmente, principalmente se a infecção ocorrer no final da gravidez. Colocando em números, a chance de transmissão durante a 13ª semana de gravidez é de cerca de 6%, enquanto que na 36ª semana de gravidez alcança 72%.

Problemas para o bebê

Quando há acometimento fetal precoce, principalmente no primeiro e segundo trimestres, podem ocorrer abortamento e óbito fetal. Quando a gestação progride, devido a esta infecção podem ocorrer prematuridade, crescimento restrito do feto, alterações encefálicas (calcificações, hidrocefalia, entre outras), que podem levar futuramente a retardo mental, por exemplo. Podem ocorrer ainda alterações graves nos olhos, fígado e em outros órgãos.

Portanto, é muito importante que sejam tomadas algumas medidas durante o acompanhamento pré-natal para a prevenção e o combate desta infecção. Primeiramente, as mulheres grávidas devem evitar o contato com fezes de gatos, não ingerir água de origem desconhecida e sem estar fervida, nem carne crua ou mal cozida durante a gravidez. Se a gestante possuir gatos (não recomendado), lavar as caixas com água, ferver frequentemente e nunca tocá-las com as mãos sem luvas. Alimentar os gatos com comida enlatada, ração, água fervida ou filtrada.

Como muitas vezes essa infecção é assintomática, são feitos rastreios através de exames de sangue durante o pré-natal, para diagnosticar a presença de anticorpos contra este parasita e de acordo com um resultado indicativo de infecção recente, deve ser estabelecido tratamento com antibioticoterapia e acompanhamento diagnóstico do feto. Quando o resultado apresenta-se indicativo apenas de infecção antiga, geralmente não são necessárias medidas específicas.

Outro possível resultado seria a paciente apresentar-se suscetível a infecção, o que exige maior controle daquelas medidas preventivas já citadas. Mais uma vez, demonstra-se a importância do acompanhamento pré-natal das gestantes, que deve ser feito o mais precocemente possível. Esta é uma doença que é facilmente diagnosticada (mesmo sendo muitas vezes assintomática) e se tratada adequadamente, diminui significativamente as chances de transmissão para o feto deste agente infeccioso.