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Tipos de parto

Publicado 30 Jun 2016 – 08:15 PM EDT | Atualizado 2 Abr 2018 – 01:02 PM EDT
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São nove meses de expectativa. Depois de passar pelas fases de enjôos, tonturas e cansaço, vem aquela temporada de tranqüilidade. Você tem várias semanas para pensar no nome do bebê, montar toda a estrutura para recebê-lo e, claro, se preparar para o momento mágico do nascimento. Essa, sim, é uma ocasião que merece cuidados muito especiais, afinal, como é que você deseja que seu herdeiro chegue ao mundo? Por isso, escolher o tipo de parto é fundamental. Mas peraí, não é só decidir entre cesariana ou parto normal? Que nada! Existem diversos outros tipos de parto, que podem (ou não) trazer benefícios para a mãe e o bebê. Para falar sobre eles, o Bolsa conversou com dois especialistas, que comentam os prós e contras de cada um deles.

Decidir por um tipo de parto não é nada fácil. A maioria das mães tem medo do resultado e decide escolher aquele que traga menor risco. Claro que existem diversos fatores a serem analisados, como as condições físicas e psicológicas da mãe, o conforto para a mãe e o bebê, os problemas que podem acontecer devido ao uso da anestesia e a recuperação pós-parto. Nesse caso, ouvir a opinião médica é fundamental. Ainda assim, as alternativas são as mais variadas. Que tal conhecer algumas delas?

Parto normal - É o método mais aconselhado pelos médicos, porém exige que a mãe se prepare desde o pré-natal, porque é cansativo e dá uma trabalheira danada. Para que ele aconteça, é preciso que a mãe apresente contrações e dilatação do colo do útero. Com exercícios de respiração e muita, mas muita força, o bebê não demora a sair. Às vezes, no entanto, ele precisa de uma ajuda para vir ao mundo. Quando a mãe está cansada ou o bebê não sai de jeito nenhum, o médico faz um corte em um dos lados da vagina para auxiliar no processo de expulsão. "Enquanto a cesariana apresenta alguns riscos, como infecções, abscessos e acidentes anestésicos, o parto normal corre mais tranqüilamente. Além disso, a recuperação no pós-parto é muito mais rápida e a mulher pode voltar logo às suas atividades", compara a ginecologista Sonia Valentim.

Cesárea – Essa, apesar de ser totalmente cirúrgica, é a modalidade preferida pelas gestantes – até 90% dos partos realizados nas maternidades brasileiras são cesarianas! A cesárea é muito criticada por alguns médicos, porque pode trazer conseqüências para o bebê, como dificuldades respiratórias, ou resultar em infecção hospitalar. No entanto, as mães a escolhem pela rapidez do parto – cerca de meia hora – e pelo uso de anestesia, que diminui as dores. "Hoje em dia as pessoas preferem uma forma mais rápida de resolver a situação, sem a incerteza do decurso do parto e ainda com a possibilidade de escolher datas e horas, desde que as circunstâncias permitam isso. Se a paciente estiver física e psiquicamente preparada para a cirurgia, não vejo a cesárea como um malefício", opina o Dr. Ricardo Bruno, do Instituto de Ginecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Na cesárea, a mãe recebe anestesia peridural e depois se deita de costas. Seus braços são presos a suportes laterais e uma tela é colocada à sua frente, para que ela não possa ver nada durante a cirurgia. Depois, o médico faz um corte de 15 a 20 centímetros, em várias camadas, até chegar ao colo do útero. Para ajudar na saída do bebê pelo corte, um auxiliar empurra a barriga para cima. Assim que o bebê sai, é apresentado à mãe e levado para a sala de pediatria neonatal. A mãe é sedada logo após o fechamento do corte e ainda permanece em observação por algumas horas, antes de poder ver novamente o nenê.

Parto com fórceps alto - O instrumento, em forma de duas colheres metálicas, era usado em momentos complicados do parto, para puxar o bebê para fora. Como as colheres se encaixavam na cabeça da criança, poderia haver danos irreversíveis. E a mãe, obviamente, saía da sala de parto traumatizada. Hoje, o mais usado é o fórceps de alívio, que pega o bebê quando ele já está mais baixo no canal de parto – ainda assim só em casos onde não há outra solução. A utilização, segundo a Dra. Sonia Valentim, é mais indicada para os casos de pacientes com pneumopatias ou cardiopatias, entre outros problemas de saúde.

Parto Leboyer – Criado por um médico francês, esse tipo de parto é parecido com o parto normal, só que bem mais zen, com trilha sonora e tudo. "O ambiente deve ser calmo, com uma boa música de fundo, de preferência clássica, com apagamento de todas as luzes da sala, exceto o foco de iluminação do obstetra", descreve o Dr. Ricardo. O marido, ao invés de ficar do lado de fora assistindo, também pode participar.

Parto na água – Já pensou em passar pelo trabalho de parto em uma confortável banheira de água quente? Pois é. Esse tipo de parto é pouco praticado no Brasil, mas tem seu lado bom, como o conforto e o relaxamento propiciados à mãe. Estudos científicos já comprovaram que a água quente ajuda a aliviar a tensão e as dores. No entanto, há quem não veja vantagens, como o Dr. Ricardo. "Acho uma situação um tanto quanto confusa para uma boa assistência do obstetra", comenta.

Parto de cócoras – É baseado no parto indígena, mas sem precisar ficar no chão da maternidade. Para expulsar o bebê, a mulher fica de cócoras, instalada em uma cadeira especial. Nesse caso, a gravidade dá uma forcinha extra, ajudando na saída da criança e diminuindo as dores. A liberdade de movimento é maior e ainda evita a compressão de alguns vasos sangüíneos, que acontece em partos deitados. "Os adeptos das formas naturais de parto gostam muito dessa tática. É uma tentativa de tornar o trabalho menos doloroso, sem tensão. Embora muita gente o elogie pela integração marido-paciente-feto na hora da expulsão, eu, particularmente, não vejo vantagem alguma", comenta a Dra. Sonia.

Parto natural – Acredite se quiser: em pleno século 21, há pessoas que ainda preferem ter nenê à moda antiga, parindo em casa, sem anestesia e sem intervenção médica. Segundo o Dr. Ricardo, apesar do conforto proporcionado pela própria casa, pode ser arriscado. "Não vejo vantagem alguma nesse tipo de parto. Querer fazer um parto como antigamente é um absurdo, pois naquela época também se morria muito em casa. Se mesmo com recursos hospitalares disponíveis ainda perdemos alguns recém-nascidos e algumas mães, imagine o que aconteceria se não os utilizássemos", diz. A Dra. Sonia Valentim concorda. "Os riscos de complicações e infecções são enormes, assim como os de paralisia cerebral e morte fetal. Então, para quê correr riscos desnecessários?", questiona.

Anestesia

Na maioria das vezes, a mãe pode escolher qual anestesia quer tomar. No parto normal, pode optar entre a peridural e a local, enquanto na cesárea a escolha fica entre a peridural e a raquianestesia com agulha fina. Só que, assim como em toda ocasião em que se usa anestesia, pode haver complicações. "Elas podem ser maiores na cesárea, devido à maior exposição aos agentes anestésicos", comenta o Dr. Ricardo Bruno. E entre essas complicações, segundo a Dra. Sonia Valentim, estão cefaléia, diminuição da pressão arterial e da atividade uterina. "Podem acontecer, também, casos mais sérios, como taquicardias ou paradas cardio-respiratórias", destaca.

Pós-parto

O pós-parto, geralmente, é tranqüilo para todos os casos, mas a cesárea exige mais cuidados. Enquanto mães que fizeram partos sem cirurgia saem do hospital em até 24 horas, as que realizaram cesariana precisam de pelo menos 48 horas de observação. As atividades físicas de quem fez parto normal podem ser retomadas em duas semanas, enquanto quem passou pela cesariana precisa esperar um mês.

Mas afinal, para nossos entrevistados, qual é o melhor tipo de parto? "Nesse ponto eu me considero clássico. Normal ou cesárea, com a assistência de uma boa e completa equipe médica, transcorrido em uma boa maternidade, com UTI neonatal e todo aparato disponível para resolver qualquer problema que possa advir", afirma o Dr. Ricardo. Já a Dra. Sonia Valentim diz que a decisão é da mãe. "Sempre digo às minhas pacientes: o que for melhor para o bebê".

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