A infecção urinária é muito comum durante o período de gestação, é a segunda maior causa de aborto espontâneo no Brasil. Segundo o médico José Perandré Neto, urologista da Clínica Plena, as mudanças fisiológicas que ocorrem na gravidez, como a dilatação dos órgãos que compõem o sistema urinário, diminuição do espaço para a bexiga e alterações imunológicas, fazem com que as gestantes fiquem mais suscetíveis a complicações decorrentes dessas infecções. “Na mulher, o canal que leva a urina da bexiga para o meio externo é mais curto e, devido a proximidade com o ânus, a chance de infecção bacteriana é maior. Em alguns casos, o mal acaba interferindo no bebê, podendo provocar o parto prematuro e até a morte prematura”, explica.
Leia também:
Mudança no estilo de vida pode evitar aborto espontâneo
Cosméticos na gravidez podem ser usados ou não?
Ultrassom 4D mostra imagens precisas do bebê em tempo real
Por isso, um simples desconforto ao urinar durante a gravidez, é motivo para procurar um médico, antes que o quadro se agrave. Ficar atenta aos sintomas também é importante. “O primeiro sintoma da infecção urinária é a ardência ou dor ao urinar, bem como o cheiro desagradável e a cor opaca da urina, que também podem ser indicativos da doença. Desconforto abdominal, febre, calafrios e vômito indicam que a infecção possa ter se agravado, por isso um médico deve ser consultado com urgência”, afirma.
Aborto espontâneo
A médica Andréa Sincero Sá, ginecologista da Clínica Plena, explica que a infecção urinária na gestação aumenta a chance de morte fetal e trabalho de parto prematuro, além da restrição de crescimento intra-uterino. “Caso isso aconteça, o bebê pode sofrer com as consequências como o baixo peso ao nascer. A realização do pré-natal iniciado precocemente com exames frequentes é a principal maneira para evitar danos tanto ao feto quanto para mãe”, diz.
Acompanhamento médico é essencial para evitar problemas para mãe e bebê (Crédito: Thinkstock)
De acordo com um estudo da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a doença é a segunda causa de mortalidade prematura de fetos com até três meses, atrás apenas de alterações cromossômicas geradas por espermatozoides ou óvulos defeituosos. “Caso a infecção não seja descoberta logo no início ou tratada do modo correto, ela pode atingir os rins através do sistema urinário e evoluir para um quadro de infecção generalizada, aumentando a chance de abortamento espontâneo”, explica.
Prevenção da infecção urinária
Para prevenir a doença, a recomendação dos médicos é manter a hidratação do corpo, consumindo bastante água durante todo o dia e ingerindo alimentos ricos em Vitamina C, como mamão, laranja e brócolis. Além disso, é importante fazer a higiene pessoal corretamente e não reter a urina por longos períodos.