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Aborto espontâneo: como passar pela experiência sem traumas

Publicado 30 Jun 2016 – 05:40 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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A alegria da confirmação da gravidez, em alguns casos é rapidamente interrompida com a notícia de um aborto espontâneo. Segundo o ginecologista e obstetra Jurandir Passos, do Delboni Medicina Diagnóstica, na espécie humana espera-se uma taxa de abortamento espontâneo que gira em torno de 10 a 25%, dependendo da idade materna. Quanto maior a idade, maior o risco.

A fase em que o aborto é mais frequente é por volta da 14ª semana de gestação (3º mês), pois é quando o ovário da mulher deixa de ter papel importante na manutenção da gestação, passando essa função para o binômio feto/placenta. "Nos casos mais tardios, infecções congênitas como a parvovirose, a toxoplasmose, entre outras, devem ser lembradas e pesquisadas para se tentar descobrir a causa que levou ao aborto", diz.

Causas do aborto

Em cerca de 50 a 60% dos casos o aborto ocorre por alguma anomalia genética, seja ela cromossômica ou gênica. Mas outros fatores, como doenças maternas pré-existentes (hipertensão arterial, diabetes, tireoidopatias), malformações uterinas, doenças tromboembólicas e alguns tipos de medicamentos podem também ser responsáveis por fazer a mulher  perder o bebê.

Quem já sofreu um aborto, não necessariamente corre um risco maior de passar novamente por isso numa segunda gravidez. Porém, acima de duas perdas consecutivas, a chance de um novo aborto aumenta muito. "Esse quadro é denominado como aborto de repetição e o casal precisa ser muito bem avaliado antes de tentarem uma nova gravidez", explica.

Mulher tem culpa no aborto?

Quanto mais avançada a gravidez, mais a mulher tem dificuldade para encarar esse momento, pois, de acordo com o médico, vai havendo um apego ao bebê, a expectativa vai aumentando e qualquer revés torna-se um sofrimento muito grande para a gestante.

Apesar de o processo físico de  curetagem uterina não ser doloroso (quando realizada, é feita em ambiente cirúrgico, de forma asséptica e sob anestesia), psicologicamente a dor costuma ser grande. "Infelizmente a  perda de uma gestação não é fácil de se aceitar, principalmente quando é muito desejada. Isso leva à tentativa de se buscar uma explicação e a mulher começa a se questionar se fez algo que poderia comprometer a evolução da gravidez, se ficou muito nervosa, se tomou alguma medicação que não devia, se andou muito, etc", conta. 

Sequência de abortos

Quando o aborto acontece por várias vezes seguidas, o médico diz que a mulher deixa de se culpar e começa a perceber que algo está errado. "Ela vai atrás de uma avaliação mais detalhada para tentar achar a causa. O que acontece é que, quando ela engravida, aí sim seu estresse é grande, pois o receio de perder novamente começa a tomar a maior parte de seu pensamento e ela fica mais sensível, procurando atendimento médico com muito mais frequência do que uma gestante que nunca tenha tido uma perda gestacional", explica.

Quem aborta precisa esperar três ciclos menstruais normais para depois voltar a  tentar engravidar. Nesse período, a mulher pode realizar exames complementares para diminuir o risco de aborto, bem como iniciar o uso do ácido fólico, que tem papel importante na prevenção de malformações do sistema nervoso central do bebê. "Uma perda gestacional anterior não significa que a gravidez que vem em seguida será de risco. Pode até ser, mas aí será por coincidência e não por causa do aborto anterior. A grande questão é esclarecer o que levou ao aborto. Se for encontrada uma causa, o tratamento fará com que as chances de nova perda sejam diminuídas", finaliza.

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