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Dicas para pais e filhos adotivos: como fortalecer o vínculo afetivo

Publicado 30 Jun 2016 – 05:40 PM EDT | Atualizado 3 Abr 2018 – 10:50 AM EDT
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São grandes os desafios de construir uma relação entre pais e filhos adotivos. As dificuldades por que passam, antes e depois da formação dessa nova família, são muitas, mas podem ajudar a criar laços ainda mais fortes.

"Na nossa cultura está inscrito no imaginário que a mãe que gera deve ser a mesma que cria. Quando adota-se uma criança, esse elo é rompido. Isso se torna uma dificuldade para essa nova relação. Porém, quando pais e filhos adotivos integram suas experiências vividas e suas particularidades, ocorre a superação desse aspecto negativo de rompimento", comenta a psicóloga Maria Salete Abrão, autora do livro Construindo vínculo entre pais e filhos adotivos (Primavera Editorial).

A lei brasileira inicia a jornada de obstáculos que futuros pais e filhos adotivos têm que enfrentar. "Existe a tentativa de priorizar a família biológica, ainda que não tenham condições de criá-los", diz Maria Salete. A incompatibilidade do desejo dos candidatos à adoção em relação às crianças disponíveis em lares espalhados pelo Brasil é um outro grande desafio.

"Geralmente, esses casais possuem um histórico de infertilidade. Por isso, anseiam um bebê recém-nascido, que venha suprir essa falta. Dificilmente as crianças disponíveis para adoção se enquadram na aspiração de grande parte dos candidatos, principalmente em relação à idade e cor da pele", lamenta.Quando a adoção é efetivada, as dificuldades mudam, mas não desaparecem. A questão do abandono, pela mãe biológica, pode representar um novo tipo de obstáculo. "A ideia é: se o filho adotivo é biologicamente e geneticamente herdeiro de alguém a quem se atribui um valor negativo, ora ela abandonou o filho, logo é ‘má’. Qualquer mau comportamento, como uma birra, desse filho pode ser vista como manifestação do ‘mau sangue’. E isso pode gerar medo e estranhamento dentro dessa nova família", explica a autora.

Dicas para pais adotivos

Para que esse tipo de situação não influencie negativamente a construção desse novo vínculo, é preciso que haja liberdade e naturalidade para falar sobre o assunto pais biológicos. "Se para os pais adotivos os pais consanguíneos são tidos como os "verdadeiros",  serão sempre como "fantasmas" a assombrar esses pais que passam a considerá-los como ameaça ao laço que têm com o filho que adotaram. Isso faz com que tenham receio e dificuldades em revelar a adoção e em falar sobre ela com o filho. A história fica recheada de silêncios, lacunas e segredos. O que com certeza trará problemas para o caminho comum percorrido por esses pais e seu filho", observa.

Aliás, o reconhecimento das diferenças entre pais biológicos e adotivos é imprescindível na construção do laço de adoção. "Eles não são iguais. Mas isso não quer dizer que um seja melhor que o outro. Se esse espaço for garantido, o filho adotivo pode construir sua  história, incluindo a diferença e tendo liberdade para falar sobre isso. Isso permite que pais e filhos adotivos resgatem e construam novos elos, gerando melhores condições para que lidem com as eventualidades de suas histórias de vida", finaliza a autora. 
 


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