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Entenda o transtorno do Déficit de Atenção

Publicado 30 Jun 2016 – 05:44 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Por Laís Peterlini

Do Bolsa de Bebê

O transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um problema neurobiológico de causas genéticas que acompanha o indivíduo por toda a vida. Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), estudos estimam que de 3% a 6% das crianças possuem esse transtorno. Também conhecido como DDA, como era chamado anteriormente, o TDAH geralmente é diagnosticado na infância. A presidente da associação Iane Kestelman esclarece as principais questões desse problema.

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Sintomas

"Os principais sintomas são desatenção, inquietude e impulsividade", afirma Iane. As crianças com TDAH costumam ter dificuldades na escola, principalmente porque não são capazes de prestar atenção na mesma coisa por muito tempo. "Todas as crianças são distraídas, mas aquelas que têm esse transtorno não prestam atenção no professor por mais de três minutos e dificilmente anotam as lições", explica a presidente da associação. Ainda segundo Iane, as crianças com TDAH costumam perder e derrubar objetos e dormir pouco. Além disso, são muito agitadas e reagem muito mal às frustrações, agindo com impulsividade na maioria das situações.

Impulsividade é um dos sintomas
Crédito: Shutterstock

Como o TDAH é um transtorno neurobiológico e hereditário, não é possível que o transtorno se manifeste apenas na adolescência ou na vida adulta. "Os primeiros sintomas costumam aparecer entre sete e 10 anos e é importante que os pais observem o comportamento da criança e a levem em um especialista caso tenham alguma desconfiança", diz Iane.

Causas

Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, estudos científicos mostram que os portadores de TDAH têm alterações na região frontal e nas conexões dessa região com o resto do cérebro. A alteração acontece principalmente em dois neurotransmissores: a dopamina e a noradrenalina. "Em pessoas com esse transtorno esses dois neurotransmissores são produzidas em menor quantidade, o que compromete ações simples como estabelecer metas, controlar impulsos, administrar a ansiedade e sustentar a atenção", ressalta a presidente da associação.

Diagnóstico

Como as crianças geralmente são distraídas e cheias de energia, muitas vezes os pais demoram em suspeitar que ela seja portadora de TDAH. Para pais muito preocupados, o contrário também se aplica: às vezes a criança é diagnosticada erroneamente como tendo o transtorno apenas porque tem dificuldades de aprendizagem ou está passando por problemas emocionais. "É muito importante que seja feito um diagnóstico correto por um especialista em TDAH, só ele pode dizer. Professores e pais podem, no máximo, suspeitar, mas só o profissional confirmar a suspeita", afirma Iane.

Tratamento

"O tratamento de TDAH é baseado em um tripé de ações e envolve um trabalho médico, pedagógico e psicológico", explica a presidente da associação. O mais importante, segundo Iane, é que a família conheça o transtorno, entenda como isso afeta a vida da criança e de que forma eles devem construir estratégias para melhor lidar com os limites do portador. "Quando crianças, elas precisam ser ajudadas porque são comportamento involuntários que ela precisa aprender a superar e controlar", explica Iane.

Os pais precisam saber como lidar com os limites da criança com TDAH
Crédito: Shutterstock

O segundo tripé é a medicação. Segundo a ABDA, cerca de 70% dos pacientes com TDAH respondem adequadamente aos estimulantes com redução de pelo menos 50% dos sintomas básicos. No Brasil, existem duas categorias de estimulantes disponíveis: o Metilfenidato e a Lis-dexanfetamina. Por fim, é indicado que o portador faça um acompanhamento psicopedagógico centrado na forma do aprendizado, para melhorar aspectos ligados, por exemplo, à organização e ao planejamento do tempo e das atividades em geral.

E na escola?

A presidente da ABDA destaca que ainda não há políticas públicas de inclusão para crianças com TDAH. "Essas crianças ainda não são consideradas portadoras de deficiências especiais, então não há professores capacitados para lidar com esse transtorno em sala de aula", afirma Iane. Ela destaca que os portadores são passíveis de estudar em classes regulares e não necessitam de educação especial. "Elas só precisam ser reconhecidas como crianças com TDAH para que o professor use estratégias simples como, por exemplo, colocar o aluno na primeira fileira e dar mais um tempo para ele realizar a prova", explica. Enquanto não há políticas públicas, o ideal é que os pais procurem a escola, levem a informação e peçam ajuda para o educador.

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