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Socialização infantil

Publicado 30 Jun 2016 – 08:15 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Olá! Estréio hoje aderindo ao time de colunistas do Bolsa de Mulher. Pedagoga e psicopedagoga clínica e institucional há quase dez anos, pude vivenciar situações que, freqüentemente, geram em quem é mãe questionamentos e dúvidas. Neste espaço, então, poderemos compartilhar estas questões e perceber que, para ser mãe, não é preciso padecer no paraíso.


Um momento geralmente permeado por conflitos, refere-se ao início da vida escolar do filho. Aquele lindo bebê que vivia envolto e protegido na relação maternal cresceu. Começa a explorar o mundo, demonstrando com mais clareza seus desejos e habilidades. O orgulho da mãe vem acompanhado de um impasse: a escola, nesta faixa etária, irá efetivamente contribuir para o desenvolvimento do filho ou ele poderá ser igualmente estimulado em casa?

Vale a pena ressaltar que a interação entre família e escola não acontece como uma disputa. Pelo contrário, cada instância exerce um papel significativo e específico na formação da criança, de modo que se complementam.

As situações em que as crianças discutem ou discordam estão entre as mais favoráveis para ajudá-las a superar seu egocentrismo.


A família é o primeiro grupo social do qual a criança faz parte. Portanto, é de onde deve receber, além dos valores éticos e morais e das noções de regras e limites que nortearão suas escolhas e atitudes, acolhimento e amor. É na relação com a mãe que há a possibilidade de construir a confiança básica e necessária para enfrentar os desafios impostos ao longo da vida

A escola, não por acaso, ocupa o lugar de segundo grupo social ao qual a criança irá pertencer. É o espaço onde é oferecida a possibilidade de encontrar outras crianças da mesma faixa etária, que poderão contribuir em seu desenvolvimento, na medida em que compartilham dos mesmos interesses e trocam experiências. Elas são mediadas e supervisionadas por um profissional, o professor.

A socialização, portanto, é um dos maiores ganhos quando se pensa na importância da educação infantil. Vamos entender por quê?

Quando estão sós as crianças dão vazão ao seu egocentrismo, isto é, olham o mundo sempre a partir do seu próprio umbigo. Não têm com quem compartilhar, não questionam e quase nunca são questionados sobre suas ações. Quando num grupo, com outras crianças, elas precisam se comunicar, se fazer entender, lutar por seus interesses. As situações em que as crianças discutem ou discordam estão entre as mais favoráveis para ajudá-las a superar seu egocentrismo. Nesses casos, há um investimento emocional em procurar soluções para suas divergências.

Cabe ao professor usar esta razão para ajudá-las a coordenar pontos de vista opostos. Neste sentido, é a intervenção do professor que demarca a diferença da escola para outros ambientes, onde um grupo de crianças também interage como, por exemplo, a pracinha ou as festinhas infantis.

Situações de divergências e conflitos irão sempre acontecer, independentemente do lugar, visto que é uma condição inerente à infância. Contudo, vamos imaginar a típica situação de duas crianças brigando por conta de um brinquedo: na pracinha, é possível existir diversas alternativas para a resolução do problema. Uma delas seria a tentativa de convencer uma das partes a escolher outra diversão. Na escola, porém, esta situação é vista como um excelente motivo para fazer as crianças, juntas, refletirem e buscarem uma solução para a questão. Separá-las é uma maneira improdutiva de intervir, uma vez que, apesar de "aparentemente" o problema ter sido resolvido, as partes envolvidas desperdiçaram uma preciosa oportunidade de aprenderem mais sobre relações interpessoais.

O professor provocando, desafiando e estimulando o grupo a pensar , na medida em que recapitulam a seqüência do que aconteceu, ajuda o grupo a construir noções de respeito, solidariedade, amizade, cooperação e, sobretudo, a desenvolver a capacidade de se colocar no lugar do outro.

Percebemos então que a criança nesse processo irá também desenvolver algumas habilidades, tais como: ampliar o vocabulário, expressar suas idéias com clareza, construir noção de causa e conseqüência, entre outras.

A educação infantil é, portanto, um convite ao exercício da criatividade, proporcionando à criança inúmeras descobertas tão importantes para a aprendizagem, seja ela formal ou de mundo.

Márcia Mattos é psicopedagoga e pedagoga do Apprendere Espaço Psicopedagógico.

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