null: nullpx
1 a 3 anos-Mulher

Fantasia ou mentira?

Publicado 30 Jun 2016 – 08:15 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
Compartilhar

"Eu sou forte como o Super-Homem!". Não dá para negar que é divertidíssimo e irresistível quando os pimpolhos começam a criar suas próprias histórias. E quanta imaginação! Criativas, as crianças são capazes de inventar milhares de aventuras mirabolantes que deixam qualquer papai e mamãe coruja babando. Mas um dia você percebe que a imaginação fértil do pequeno passa de historinhas de heróis e princesas a relatos nem tão inocentes assim - mesmo que o filhote jure de pés juntos que tudo é verdade! Como, então, saber quando o limite entre a fantasia e a mentira foi ultrapassado?

Os especialistas são unânimes em afirmar que as fantasias são de extrema importância para a independência e o desenvolvimento da criança. "Quando pequena, é muito comum ela fazer uso da fantasia como um ensaio para a vida adulta. É nela que a criança começa a simbolizar seu mundo, expressa sentimentos, vivencia experiências e resolve seus conflitos internos", revela Ida Bechelli Batista, psicóloga da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Dos dois anos e meio aos seis anos, as 'mentiras' estão ligadas ao imaginário. São, portanto, fantasia. Os pequenos assistem a muitos filmes e desenhos e acabam por incorporar os personagens


Por isso, até certo grau, a criatividade e a imaginação podem ser estimuladas pelos pais. "A melhor forma de estímulo está no brincar. A criança entra em contato com seus desejos, angústias e ansiedades. Então, se ela briga com a mãe, por exemplo, é na brincadeira que irá aliviar a tensão e descarregar as emoções, preservando a relação com a figura materna", garante a psicóloga.

Cuidado, porém, com os exageros! "No aniversário da criança, os pais podem criar todo um cenário especial onde a criança será o Popeye ou o Homem-Aranha, por exemplo. Então, eles decoram a casa com o tema, compram a fantasia - tudo de forma saudável. O que não pode,é a mãe começar a exagerar, chamando a criança a todo momento de homem-aranha ou afirmando que se ela comer tudinho ficará igual ao Popeye. No futuro, a criança pode se frustrar ao ver que isso não é verdade, ou pode até acreditar que pode voar porque é o Super-Homem, ou pode agredir o coleguinha porque é um justiceiro", alerta Márcia Ferreira, psicóloga e escritora do site Vida Psicologia.

Ele não pára de mentir

Mas você sabe diferenciar a fantasia de uma mentira? "Dos dois anos e meio aos seis anos, as 'mentiras' estão ligadas ao imaginário. São, portanto, fantasia. Os pequenos assistem a muitos filmes e desenhos e acabam por incorporar os personagens. Por isso, é tão comum uma criança dessa idade achar que é o Batman ou o Super-Homem", explica Márcia. Já as mentiras mesmo só surgem a partir dos sete anos, quando a criança adquire a noção de certo e errado e sabe quando algo não é verdade.

Quando os pais percebem que as mentiras do filho estão se tornando freqüentes, é preciso investigar as causas. "Muitas vezes, a criança faz uso da fantasia e da mentira para encobrir situações problemáticas para ela, como a separação dos pais, ou a chegada de um irmão", revela Márcia. Carências e rigidez dentro do lar também podem desencadear mentiras. "Quando os pais são extremamente rigorosos, ou falta carinho e cuidados, a criança pode mentir para chamar a atenção", completa Ida. Por isso, em muitos casos, um pouco mais de afeto e atenção pode resolver o problema.

Outras vezes, a mentira também pode ser um caminho encontrado para se integrar a um grupo. "Às vezes a criança quer um estojo legal ou canetas diferentes e os pais não dão a ela. Como ela não quer ser diferente dos amiguinhos, passa a fantasiar e a dizer que em casa ela tem esses objetos. A mentira funciona, então, como uma fuga da realidade", observa Márcia.

Compartilhar

Mais conteúdo de interesse