Ciúme do irmão mais novo
Mariana Bueno
Do Bolsa de Bebê
A chegada de um irmãozinho sempre desperta ciúme no filho mais velho. É um sentimento natural que, segundo a psicóloga Maria Rocha, do Colégio Ápice, em São Paulo, pode se intensificar ou não dependendo da forma como os pais lidam com a situação. "O ciúme sempre vai aparecer em maior ou menor intensidade. Cabe aos pais saberem como equilibrar o tempo dedicado individualmente a cada um dos filhos", afirma.
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Nascimento de um bebê
Segundo a psicóloga, as reações dependem muito da faixa etária de cada criança. Até os quatro anos é normal ser mais egocêntrica, querer seus desejos atendidos mais rapidamente. Aos dois anos a criança ainda não construiu sua identidade de forma separada da mãe. Tudo isso influencia na hora em que elas se deparam com uma nova dinâmica familiar, tendo que dividir a atenção. "Por mais que os pais deem atenção ao filho mais velho para que não se sinta secundário, é fato que o bebê toma mais tempo e mais espaço", diz.
Há ainda casos em que crianças mais velhas, com oito a 10 anos, foram filhos únicos por todo esse tempo e, mesmo conseguindo compreender melhor a chegada de um irmãozinho, o ciúme pode aparecer. "Isso vai depender da forma como essa criança foi criada e educada. Se teve tudo o que quis, não teve limites, não ouviu 'nãos', certamente terá dificuldade quando passar a dividir tudo com o irmão. Mas é uma outra fase de entendimento, já conseguem falar sobre o que sentem e é possível estabelecer um diálogo" , explica.
Com as crianças menores, mesmo quando ainda não dá para explicar claramente a situação, a psicóloga recomenda que tudo seja conversado. "Sempre é preciso falar a verdade. É claro que não adianta tentar explicar a gravidez quando a barriga não apareceu, porque a criança não vai entender. Mas à medida em que forem surgindo modificações é importante falar, fazer com que tomem conhecimento, antecipar como será, porque senão ela irá fantasiar. A mãe deve contar que vai para a maternidade, dizer ao filho quem vai ficar cuidando dele, para que não se sinta abandonado", esclarece.
Criança com os pais
Depois da chegada do bebê, é fundamental equilibrar o tempo entre os filhos. "Os pais precisam mostrar ao filho mais velho que existe uma relação com ele independente do bebê. E tanto o pai quanto a mãe precisam participar. Fazer uma divisão, dizendo que a mãe cuida do mais novo e o pai cuida do mais velho, é prejudicial. Os cuidados precisam ser compartilhados. É importante também incluir o mais velho nos cuidados com o bebê, valorizando sua contribuição, sempre o elogiando e, assim, fazendo com que ele se sinta melhor", afirma. Outra dica é não deixar de lado os programas do filho mais velho. "É comum passear com o bebê e levar o irmão mais velho junto, mas o contrário também precisa ser feito: priorizar os programas do mais velho e levar o bebê junto. Mostrar que estão fazendo isso por ele. Senão, vai acabar mesmo se sentindo rejeitado".