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Animais X crianças

Publicado 30 Jun 2016 – 08:15 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Enquanto espera o novo bebê que está a caminho, a família é só alegria e expectativas. Menino, menina, sapatinhos, nomes, muitas providências a tomar, dúvidas surgindo... No meio de tantos pensamentos, um olhar amigo participa de mais um momento de felicidade: o bichinho de estimação. Com a chegada do primeiro filho, o que fazer com este ser que acompanha de perto a sua vida? Será necessário afastá-lo de casa para receber a criança que vai nascer?

Neste período, é natural a preocupação com a presença de um animal em casa, por mais querido que ele seja. Para a mãe, principalmente, todo o cuidado com o filho é pouco, ainda mais durante a gestação. Por isso, pensar em manter um bebê tão frágil no mesmo ambiente que um animal que anda no chão, que pode trazer sujeira para dentro de casa, ou até mesmo machucar a criança, causa inquietação . As opiniões sobre o assunto, porém, são diversas. Há quem diga que este pode ser um contato muito rico, ou uma convivência que atrai problemas.

As principais doenças transmitidas por animais são a giárdia, através do contato com as fezes, e a raiva, através da mordida, mas para as duas existem vacinas, e um tratamento preventivo basta


A geóloga Veridiana Martins conta que ela e sua mãe sempre tiveram bichos de estimação. O gato dormia em seu berço. Quando se descobriu grávida de seu filho Felipe, hoje com quatro anos, não teve dúvidas: continuou com os três bichanos que moravam com a família. Desaconselhada pelos médicos a ficar com os gatinhos, Veridiana procurou a ajuda de um veterinário amigo, que trabalhava na Vigilância Sanitária. O especialista disse que não haveria qualquer problema; aconselhou apenas que o marido dela cuidasse da caixinha que os felinos usavam. A geóloga não se arrepende, e hoje, Binho, o gatinho mais novo, é de Felipe, que desde pequeno brincava com ele. "Temos apenas que ficar de olho, porque, mesmo já tendo aprendido o limite das brincadeiras com os bichinhos, criança exige sempre cuidados", diz Veridiana.

É perigoso ou não?

De acordo com a veterinária Ingrid Menz, da Fort Dodge Saúde Animal, não há nenhuma contra-indicação neste contato - mesmo quando o bicho já habita a casa antes da chegada do bebê. Neste caso, algumas vezes o animal demonstra ciúmes da criança. Mas a situação é contornável com adestramento e outros procedimentos. Ingrid recomenda tratar o bichinho como se fosse um irmão mais velho da criança, não o afastando.

Quanto à transmissão de doenças, principal alegação de quem teme a aproximação dos bichos, a veterinária esclarece: "Não existe, praticamente, nenhum risco de um animal bem cuidado transmitir doenças a humanos. As principais doenças transmitidas por animais são a giárdia, através do contato com as fezes, e a raiva, através da mordida, mas para as duas existem vacinas, e um tratamento preventivo basta", garante. Segundo a especialista, outro mito comum é sobre a toxoplasmose: "Gatos podem transmiti-la pelas fezes, mas somente se o felino tiver comido a carne crua de um animal infectado. Se o gato come apenas ração, este risco não existe", afirma.

Já a médica Isabel Rei Madeira, presidente do departamento científico de pediatria ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria, desaconselha a convivência com bichos de estimação de crianças com idade inferior a seis anos. Para ela, os riscos de transmissão de doenças, devido à falta de noção de higiene dos dois, são grandes. Caso o contato seja inevitável, a pediatra sugere que não habitem o mesmo ambiente. "A criança precisa de espaço, o animal também, então eles irão disputar o espaço disponível na casa. A partir dos seis anos de idade, passa a ser uma convivência interessante. Antes disso, não. A criança mais nova ainda está muito voltada para si mesma, e o animal seria mais um dos seus brinquedos, o que poderia ser perigoso", argumenta.

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