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Creche ou babá?

Publicado 30 Jun 2016 – 08:14 PM EDT | Atualizado 2 Abr 2018 – 01:02 PM EDT
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Foi-se o tempo em que lugar de mulher era (somente) dentro de casa. Hoje a gente precisa ir à luta. Mas os antigos papéis permanecem. Mesmo tendo conquistado o mercado de trabalho, a mulher não deixou de lado a função de cuidar da casa e, principalmente, de ser mãe. Basta andar na rua para ver um monte de futuras mamães, com aquele barrigão avantajado, dando duro no batente - mas de data marcada para voltar 100% das atenções para o bebezinho que irá, finalmente, nascer. Toda grávida tem o direito de se afastar do trabalho por 120 dias consecutivos, sem o prejuízo da remuneração. É a conhecida licença-maternidade. Um direito mais que justo, não é mesmo?, uma vez que, nos primeiros meses, o bebê necessita da mãe dia e noite, 24 horas por dia, para – entre outras coisas mais que importantes – se alimentar. Só que, infelizmente, esses quatro meses de licença chegam ao final e aí é preciso deixar aquela coisinha ainda miudinha aos cuidados de alguém. É nesse momento que muitos pais se deparam com uma dúvida pertinente: contratar uma babá ou matricular o pingo-de-gente numa creche?

Em alguns casos, os pais dão a sorte de contar com a ajuda de alguém da família, geralmente uma das avós da criança. Essa é uma boa opção pelo fato de sua cria já estar acostumada com a vovó e pela segurança – não há que se preocupar com a qualidade do serviço. Só que ter uma avó coruja, uma tia ou qualquer outro parente à disposição é um privilégio. "Antigamente a mãe não trabalhava fora. Hoje em dia, não só a mãe sai para trabalhar, como a avó também, devido ao aumento na expectativa de vida. As creches existem por conta da necessidade das famílias. É uma realidade", analisa George Cardoso, diretor pedagógico do Centro Educacional da Lagoa (CEL), no Rio de Janeiro, onde são aceitas crianças a partir de três meses de idade. "É comum as mães entrarem de licença um mês antes do bebê nascer. E aí, quando ele está com três meses, ela já precisa voltar a trabalhar. Colocar na creche, onde existe um trabalho especializado e profissional, muitas vezes é a solução", afirma George.

Taí a grande vantagem da creche em relação à babá: a certeza de que sua cria não será maltratada. Além disso, numa instituição, os empregados são treinados e estão sob constante supervisão. "Na creche, as pessoas que cuidam das crianças têm um nível de instrução maior, precisam fazer cursos para se especializarem, e por isso estão mais aptas a oferecer tudo que as crianças precisam", aposta a coordenadora de educação infantil da unidade Jardim Botânico do CEL, Vitória Padilla. A psicanalista Priscila Gaspar reitera os benefícios que o convívio na creche pode trazer aos pequenos. "A criança terá mais estímulos no contato com ambientes e pessoas diferentes. Isso poderá, inclusive, auxiliar no processo de socialização", explica ela.

Sem dúvida, a creche supre uma demanda importante. Mas imaginar um bebezinho tão pequenino e frágil indo à "escola", onde terá que dividir as atenções com – no mínimo – outra criança, é difícil. Mas Priscila afirma que a ida do filho ou filha de menos de seis meses à creche é mais sentida pela mãe do que pelo próprio bebê. "Não existe uma faixa etária ideal para se colocar o filho na creche. No entanto, deve-se evitar fazer isso antes dos três meses, porque nessa idade as crianças não têm imunidade a muitas doenças", diz ela. Por outro lado, retardar o encontro do rebento com a ambiente escolar também pode não ser saudável. "Crianças maiores, entre dois e três anos, habituadas a ficar em casa, costumam ter maior dificuldade na adaptação", esclarece a psicanalista.

Essa história de contrair doenças na creche é um fator que os pais costumam levar bastante em consideração na hora de decidir entre uma instituição ou uma babá. Para a dentista Mariana Bolero, mãe de Beatriz, a creche não foi uma boa experiência. "Eu coloquei a minha filha na creche com um ano e dois meses. Ela adorava, mas toda hora ficava doente. Até que no sexto mês ela contraiu giárdia e eu resolvi tirá-la. Fiquei com medo e só a matriculei no maternal quando estava com três anos", confessa Mariana. O pediatra Francisco Mota Ferreira afirma que essa realmente é a grande desvantagem das creches. "Isso é bastante comum. O bebê pega uma febre durante uma semana, daqui a pouco está com o nariz escorrendo de novo e, consequentemente, fica mal humorado e isso prejudica. Em compensação, tem crianças que passam a creche inteira sem ter nada. Em princípio, nós somos favoráveis à creche, que é um local onde a criança brinca mais. Mas se for o caso de ela apresentar muitas infecções, a ponto de comprometer inclusive o ganho de peso, aí a gente recomenda que ela permaneça em casa", explica Dr. Francisco.

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